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21.1.11

Não cortem o cordão


Não cortem o cordão que liga o corpo á criança do sonho
O cordão astral à criança aldebarã, não cortem
O sangue, o ouro. A raiz da floração
Coalhada com o laço
No centro das madeiras
Negras. A criança do retrato
Revelada lenta às luzes de quando
Se dorme. Como já pensa, como tem unhas de mármore.
Não talhem a placenta por onde o fôlego
do mundo lhe ascende à cabeça.
A veia que a à morte.
Não lhe arranquem o bloco de água abraçada aonde chega
Braço a braço. Sufoca.
Não limpem o sal na boca. Esse objecto asteróide,
Não o removam.
A árvore de alabastro que as ribeiras
Frisam, deixem-na rasgar-se:
Das entranhas, entre duas crianças, a que era viva
E a criança do sopro, suba
Tanta opulência. O trabalho confuso:
Que seja brilhante a púrpura
Fieiras de enxofre, ramais de quartzo, flúor agreste nas bolsas
Pulmonares. Deixem que se espalhem as redes
Da respiração desde o caos materno ao sonho da criança
Exacerbada.
Única

Herberto Helder