794ceedb99cf (340x196, 25Kb)

15.2.10

Sol de Agosto.
Raios a prumo.
Nem dá gosto
Viver.

Litoral ardente.
Montes nus.
Pó vermelho,
Na valsa doida do vento leste.

Meio-dia.
Nem pinga de água...
O céu plasmando infernos.
A agonia
Da gente pobre

- Pobre de tudo -,
O olhar mudo
Que sufoca gritos
Que não partem.

Mas:

Noite de luar,
Vento amainado.
Depois da ceia,
Brincam crianças
Ao canto da varanda:

Galinha
Branca
Que anda
Por casa
De gente
Catando
Grão
De milho.
E mais:
É mim
É bô
É Carlos
É Valério
É Fêdo.

Somos todos, todos,
Catando
Grão
De milho
Em anos de crise,
E mais...

- Não!...

Canivetinho
Canivetão


França.

Galinha branca
O espectro da morte
A sorte
De todos.

Olha pra mim!
Assim.

Canivetinho
Canivetão


França.
- A única esperança...

França lendária
Terra longínqua
De onde os meninos
Costumam vir em cestos
E para onde
Em anos de crise
Num cesto de pau
(Mácabra nau!)

Canivetinho
Canivetão

Coitadinhos
Vão!...

Pedro Corsino Azevedo
Cabo Verde