Eles amam-se nos meus versos nas
enseadas mais recônditas se escondem. os
nossos gestos repetem. partilham cerejas e
amoras. ao cais chegam sob um concreto luar. levam
galhos de castanheiros cítaras de duendes. um corvo
acode ao aroma dos seus corpos porque neles uma
rosa vai morrer. leram nos meus versos o
rumo de Samos. apartando líquidos cavalos crinas
brancas no incerto barco
partem dos meus versos
chove em Samos a chuva de um poema. Hera os
aguarda no arco-íris que
coroa o pórtico de Apolo. uma Danaide lhes
serve o vinho de cedro. colhem
morangos e romãs nos pomares litorais. nos
aromas das algas e dos mármores rimam as
palavras de adeus que nos dissemos. acode a
saliva ao gosto dos frutos novos. caminham de
mãos dadas no
meus versos
Fernão de Magalhães Gonçalves